Há, atualmente, uma forte tendência nas artes visuais de se tentar criar obras que não podem ser adequadamente reproduzidas em outros meios além dos em que foram feitas. A razão é simples: fazer valer a pena presenciar uma exposição de arte em vez de apenas ver fotos dela, e fazer valer a pena comprar uma obra em vez de imprimir uma versão digitalizada e colar na parede.
Muitos artistas, então, têm deixado de lado desenhos e pinturas convencionais, e tentado usar outras técnicas de expressão visual, envolvendo instalações, performances, e outros formatos diferentes… Mas alguns notaram que não precisavam se desdobrar tanto e reinventar a roda… Há milênios a solução já estava pronta: escultura.
Ver uma foto de uma escultura não é a mesma coisa que vê-la pessoalmente, não dá para sentir a tridimensionalidade do objeto. Mesmo que se veja fotos do objeto em todos os ângulos possíveis, ainda assim não é a mesma coisa. E, claro, colar uma foto da escultura na parede definitivamente não é o mesmo que ter a escultura.
Um tipo de escultura que está bastante comum ultimamente é escultura com papel. Há artistas fazendo coisas inacreditáveis nessa área. Um deles é o dinamarquês Peter Callesen.
É até um pouco ofensivo dizer que Peter é “um deles”. Afinal, ele não faz apenas coisas bonitinhas, delicadas e vazias, como a maioria dos “artistas do papel”. Os trabalhos dele possuem mensagens… Às vezes levemente trágicas, às vezes levemente cômicas, quase sempre levemente tragicômicas.
Mas, é claro, ele não deixa a beleza e delicadeza de lado. A habilidade de Peter com a manipulação de papel é inquestionável.
Mais trabalhos dele com papel A4 podem ser vistos aqui. Mas ele faz coisas ainda mais fantásticas com papéis maiores, como na escultura abaixo:
Mas há muito mais, mais do que caberia neste post. Vejam as várias galerias do site dele e entendam o que digo.
Callesen também trabalha com outros meios de expressão. Aparentemente ele é um dos artistas que mencionei no começo deste post, que tentam reinventar a roda e expandir os limites das artes visuais. É um caminho perigoso e cheio de fracassos. Mas, felizmente, essa tentativa o fez chegar às esculturas de papel, que, embora sejam apenas uma parte de sua vasta produção artística – que envolve performances e instalações pouco convencionais -, são as grandes responsáveis pelo seu sucesso.