Ready for a bit of the old Ultraviolence

Ready for a bit of the old Ultraviolence

Bem longe de estar tão bom quanto meu primeiro ambigrama no estilo, o do coringa, mas gastei muito mais tempo com ele, e cheguei a parar de tentar por alguns minutos por achar que era impossível. Estou pondo ele aqui mais pelo esforço que gastou do que pelo resultado final. Falando em resultado final… Cara, eu preciso aprender a vetorizar… Faço uns paliativos no Fireworks e no Paint, e até então estava dando para o gasto… Só que fazer todo tipo de ambigrama está virando minha especialidade, e chegará o dia em que eu poderá ganhar dinheiro com isso, mas ambigramas ficam mais bonitinhos e profissionais se estiverem vetorizados, e bem vetorizados.

Para quem não sabe, esse cara do ambigrama é Malcolm McDowell, interpretando Alex DeLarge, no filme Laranja Mecânica, dirigido por Stanley Kubrick, inspirado no livro homônimo de Anthony Burgess. Um ótimo ator num ótimo papel em um ótimo filme de um ótimo diretor, baseado num ótimo livro de um ótimo autor.

A frase usada, retirada do livro e do filme, nem é tão célebre, mas expressa bem a personalidade de Alex (antes do tratamento pelo método Ludovico). “Ready for a bit of the old Ultraviolence“, “Pronto para um pouco da velha Ultraviolência“.

Why So Serious?

Sei que ninguém aguenta mais ouvir, ver e falar sobre o coringa mais recente, o interpretado por Heath Ledger, mas essa idéia andava pela minha cabeça há algum tempo, e hoje resolvi começar a rabiscar pra ver se dava certo. Deu.

Why so Serious?

Legal, né =P? Meus primeiros e únicos contatos com esse tipo de…. ambigrama, acho que posso classificá-lo assim, foram numa campanha publicitária da Veja, sob o discutível slogan “Quem lê Veja entende os dois lados“, produzida pela agência AlmapBDDO.

Campanha "Quem lê veja entende os dois lados"

Espero fazer mais ilustrações do tipo em breve :).

P.S.: Você agora pode comprar produtos com esta e outras artes nesse estilo feitas por mim nas minhas lojas no Colab55 e no Society6.

666 – Devil

Este ambigrama merece um post só para ele. Não que eu goste muito de seu significado (nem sou totalmente ateu – sou agnóstico – muito menos satânico), mas a simplicidade, originalidade e perfeição dele são notáveis, parece até que fiz um pacto com o capeta pra fazer um ambigrama tão ideal xP (devil é diabo em inglês).

Está no mesmo nível, se não num maior, que o ambigrama Amor/Love, embora sejam de tipos diferentes. Aquele era um ambigrama de oscilação (as duas leituras possíveis dependem apenas da percepção das letras, não precisa girar nem nada) e este é um de reflexão (a leitura alternativa é vista através de um espelho, ou invertendo-se a imagem com algum programa). Segue abaixo a versão que fiz a mão, escaneei e editei:

666/devil

Refletindo…

devil-666

Esse é ambigrama é certamente um dos meus que mais ficaria legal como tatuagem, ou como elemento de uma história de terror, talvez a marca de um serial killer

Anatomia de Um Coelho

Anatomia de Um Coelho - técnica mista
Anatomia de Um Coelho - técnica mista

Este “coelho” é um coelho como o de Alice no País das Maravilhas, apressado, egoísta, materialista, preocupado com o trabalho, com o tempo, representando o homem moderno… Há, contudo, algumas diferenças interessantes (que de certa forma enfatizam a imagem original do coelho de Alice), e é aí que os materiais falam…

Anatomia de Um Coelho (detalhe)
Anatomia de Um Coelho (detalhe)
Anatomia de Um Coelho (detalhe)
Anatomia de Um Coelho (detalhe)

P.S.: Esta obra venceu na categoria Pintura do I Festival de Arte da UFPE, em maio de 2010.

Como Fazer Ambigramas #1

As estatísticas deste blog têm indicado que o que mais atrai visitantes para cá são os ambigramas, especialmente pesquisas sobre “como fazer ambigramas”… Darei o que querem então.

Há a maneira fácil, que é usando geradores automáticos, como o FlipScript, o Ambimatic, e outros. Se isto bastar para você, ok, não precisa ler o resto deste post, pois a seguir iniciarei uma série de tutoriais sobre como fazer ambigramas.

Pretendo fazer um vídeo em breve, mas por ora vou dar algumas “bases teóricas”, e no final do post farei a análise completa de um dos meus ambigramas.

LIÇÃO I – Fazer um ambigrama (de qualquer tipo) sempre consiste em escrever duas ou mais palavras ao mesmo tempo.

Vamos refletir sobre o que acabei de falar… O que é escrever uma palavra? É torná-la legível para você e para os outros. Enquanto ela estiver na sua cabeça, ou escrita em um garrancho que até você tem dificuldade para entender, não pode ser devidamente lida, e não foi, portanto, devidamente escrita. Exceto no caso de médicos e crianças com menos de 6 anos, escrever palavras legíveis não é uma tarefa difícil.

Mas escrever duas (ou mais) ao mesmo tempo… Pode ser até impossível… Cada ambigrama é um achado, uma pedra preciosa, pois nem sempre é possível pegar duas palavras e fazer um ambigrama. A propósito, alguns devem estar achando estranho eu falar que todo ambigrama consiste em escrever duas ou mais palavras ao mesmo tempo, afinal, há ambigramas como:

Caópolis/Caópolis

caópolis

e Reflexo/Reflexo

reflexo

Acontece que para fazer ambigramas como o caópolis/caópolis, eu tenho que escrever a “palavra” caóp e ao mesmo tempo me preocupar se estou escrevendo direito também a “palavra” pólis ao girar o papel, e depois escrevo pólis de forma a parecer caóp, o que na verdade já está feito, é só “girar” a primeira parte e juntar. Esse tipo de ambigrama, chamado “simétrico”, é o mais fácil de se fazer e o com mais chances de dar certo. Tente fazer com seu nome, é um bom começo ;). No caso do ambigrama reflexo/reflexo, tive que escrever refl e lexo simultaneamente, com a diferença de que, em vez de girar para ver a outra leitura, eu consultava um espelho. Também é um ambigrama simétrico, mas é um tipo mais difícil de se fazer (imagino que tudo isso ficará claro quando eu fizer o vídeo).

Quando digo “escrever duas ou mais palavras ao mesmo tempo”, portanto, quero dizer “preocupar-se em gerar duas ou mais leituras para um mesmo elemento gráfico”. E como fazer isso? Certamente não há regras, mas posso dar algumas dicas. A primeira que darei é a mais óbvia: fazer com que cada letra se pareça com outra quando girada, refletida, etc. Embora raramente funcione 100%, já que precisa que as duas palavras tenham a mesma quantidade de letras, quase sempre é aplicada à maior parte da maior parte dos ambigramas, então definitivamente é o conceito mais importante por trás da criação desses. Se eu fosse enunciar esse conceito, eu diria: “Deve-se desenhar uma letra de modo que ela não se pareça completamente com ela mesma nem com a outra desejada, mas se pareça o suficiente com as duas”.

Para demonstrar tudo isso, analisarei um ambigrama meu onde esse conceito se aplicou integralmente:

verdade/mentira

Vejamos a primeira letra de verdade (e última de mentira):

v-a

O V já se parece com o A de cabeça para baixo. A única diferença é o traço do A, então tratei de amenizar essa diferença (o que talvez nem fosse necessário) colocando esse traço bem para cima no A e o deixando um pouco inclinado. Vamos para a próxima:

e-r

O E é o melhor amigo de quem faz ambigramas. Na maioria das vezes é só adicionar três “espinhos” à esquerda de uma letra, e quando girar ela vai parecer um E, e foi basicamente o que fiz com esse R. Também tentei deixar o R meio aberto e estreito, para não atrapalhar o E.

r-i

Regra geral quando quiser que uma letra se pareça com um I ao ser girada em 180º: faça a letra o mais estreita possível, e ponha um ponto embaixo dela. Quando girar, *plim*, vira um I =). Foi o que fiz aqui.

d-t

Aqui eu alonguei algumas partes do T para dar forma a um D quando girado. A aparência de “machado” que esse T tem é só uma mania estética minha xP, embora tenha servido para acentuar a forma de D, e também a do R do caractere anterior, que estava com a perna curta para se parecer mais com um I ao girar (vejam no ambigrama para entender).

a-n

O N é uma letra problemática, porque quando girado continua parecendo um N. Solução (neste caso)? “Atrofiei” a perna dele que não era aproveitada do A.

d-e

Novamente nosso amiguinho E. Só fiz “envergá-lo” um pouco e esticar umas pernas para parecer um D quando girado.

e-m

O M geralmente é problemático, mas como o E é moleza, acabou não sendo tão difícil juntar um ao outro. O resultado não ficou maravilhoso, mas como o resto das duas palavras já está bem legível, dá até pra “subentender” essa letra, por mais deformada que ela fique.

Concluindo esta lição… Um ambigrama tem tudo a ver com o resultado final e pouco com cada letra. Se a pessoa olhar por alto para o ambigrama e ler “verdade” e depois, girando, ler “mentira”, não importa se um N não está parecendo muito um N ou se um X não parece muito um X, é a leitura das palavras que importa, e as palavras não precisam estar escritas perfeitamente para serem lidas, prova disso são as várias caligrafias legíveis que uma pessoa pode usar para escrever, e as várias e diferentes fontes de texto ( Times New Roman, Old English Text…) usadas em computadores…

Espero ter ajudado =D. Outras lições virão.

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Veja aqui a parte 2.

Retrato de Jan Švankmajer

Já falei do artista plástico, animador e diretor tcheco Jan Švankmajer por aqui. Esta pintura de agora não precisava ser um retrato dele, já que o aspecto mais interessante dela (a mudança de aparência se vista com material translúcido azul) independe disso, mas resolvi homenageá-lo, além de que a “mensagem” desta obra acaba tendo um bocado a ver com a arte dele.

A verdade é que acabo também “homenageando” indiretamente vários amigos com esse desenho. Fabiana Peixoto, por ter me mostrado algumas imagens estereoscópicas há não muito tempo, o que certamente incubou na minha mente idéias como a dessa pintura. Clara Percílio, por ter me apresentado o trabalho de Jan Švankmajer e, principalmente, por ter me feito ter contato pela primeira vez com a máxima “A distância entre loucura e genialidade é medida apenas pelo sucesso”, que consiste mais ou menos na mensagem desta obra e, por fim, o meu grande amigo Arthur Soares, e seu blog A Insanidade, cujo nome acabei vendo enquanto pensava no que escrever no desenho (minha idéia inicial era escrever alguma coisa em tcheco, talvez Šílení mas a vista do blog me deu a idéia do insanidade/sanidade). Eis a obra:

Retrato de Jan Švankmajer - lápis de cor sobre papel
Retrato de Jan Švankmajer - lápis de cor sobre papel

Aqui eu tentei simular como a obra fica quando vista através de um material translúcido, como acetato, papel celofane, etc, azul. Dependendo do material, pode ser necessário ver através de duas camadas para se obter o efeito desejado.

Retrato de Jan Švankmajer - visão alternativa
Retrato de Jan Švankmajer - visão alternativa

P.S.: Há várias possíveis formas de exibir essa obra: mudando a cor da iluminação em um ambiente, fazendo uma “cortina” de celofane azul, até usar um óculos 3D convencional e fechar os olhos alternadamente é interessante. Na única exposição em que foi exibida até agora, foram usados óculos feitos com cartolina e papel celofane, projetados de modo a subentender que representam o “sucesso”.

Ambigramas #5

Mais ambigramas… Refiz o de Amor/Love (ambigrama de oscilação, não precisa girar nem nada pra ler as duas palavras), e fiz mais um bocado de ambigramas de rotação simétricos, inclusive um com a palavra “mandala“. Pra ser sincero, nunca entendi perfeitamente o que é uma mandala, só sei que tentei fazer uma com o seu respectivo ambigrama. Como o processo foi meio… manual demais, não garanto a tão louvada simetria que se espera de uma mandala ^^.

Esta leva de ambigramas tem uma novidade: eles estão vetorizados (de uma forma automática e grosseira, mas teoricamente estão). Em termos de resultado final, só significa que estão com bordas mais limpas =P.

Blog de Victor Maristane