Esse Coelho é Uma Viagem

Caros, estarei em São Paulo entre 21 e 23 deste mês. O motivo, admirar a sagrada Bienal Internacional de Artes. Foi o que uns pedaços de livro de física e um relógio me fizeram obter no I Festival de Arte da UFPE.

Será uma experiência incrível. Este blog perderá visitantes aos montes de tão entediantemente numerosos e longos que serão meus posts sobre o que eu vir por lá.

Espero aprender bastante, o que, na verdade, é meu pensamento em qualquer ocasião… De quando esmago uma barata a quando observo uma obra-prima. Então, para que eu não pense apenas o de sempre, espero que eu observe mais obras primas do que esmague baratas, e observe mais baratas do que esmague obras-primas. Sabe-se lá, sou desastrado.

De qualquer forma, o que quero dizer é que parem de ver este blog por um tempo se não quiserem ler um monte de chatices sobre arte na próxima semana. Até mais.

Artista da Semana #3: Hans Rudolf Giger

Esta semana mostrarei o trabalho de Hans Rudolf Giger. Hans nasceu em 1940, na Suíça, e estudou arquitetura e desenho industrial na Zürich Kunstgewerbeschule (Escola de Artes Aplicadas de Zurique). Trabalhou como designer de interiores por um tempo, mas logo passou a trabalhar apenas como artista. Começou a produzir obras com aerógrafo na década de 70, e chegou a ser considerado o melhor a fazer isso na sua época.

Giger entre duas esculturas suas.
Giger entre duas esculturas suas.

Foi então que ele começou a trabalhar na arte conceitual, na modelagem e na criação de sets de um filmezinho bizarro aí.  Giger, meus caros, é simplesmente o pai do Alien.

Cena do filme "Alien"
Cena do filme "Alien"

O estilo de Giger é único. Ele é um mestre na manipulação das formas para causar sensações, sensações quase sempre inesperadas… Ele consegue criar estruturas simultaneamente assustadoras e belas, até mesmo confortantes… Muitas vezes misturando terror com sensualidade, o que não é a coisa mais rara de se ver nem a mais difícil de se fazer… Mas com a suavidade e beleza de Giger, só ele…

Necronom V
Necronom V
Erotomechanics VII
Erotomechanics VII
N. Y. City II
N. Y. City II
Biomechanoid
Biomechanoid

Hoje é possível encontrar móveis, guitarras e até bares inteiros construídos sob a estética “gigeriana”, que é tão fácil de reconhecer e ao mesmo tempo tão rica.

Um dos modelos de guitarra Ibanez assinados por Giger
Um dos modelos de guitarra Ibanez assinados por Giger
Giger-Bar em Chur, na Suíça
Giger-Bar em Chur, na Suíça

Giger consegue ser ao mesmo tempo um ícone da arte acadêmica e da arte popular. Se quiserem saber um pouco mais sobre essa lenda das artes visuais, vejam aqui o site dele.

Até próxima semana, espero que estejam gostando desta série de posts. Eu pelo menos tenho adorado, sempre aprendo bastante enquanto os preparo =).

Rabiscos de Caderno #1

Se vocês realmente acham que, quando passo muito tempo sem postar nenhum desenho novo por aqui, é porque de fato não ando desenhando nada, estão enganados… Arte é uma doença… que se cura com arte… que é uma doença… que se cura… enfim, deu para entender que não dá para parar. A questão é que nem sempre tenho tempo de fazer desenhos elaborados como os que posto aqui, então me contento em aliviar minha doença fazendo rabiscos em qualquer pedaço de papel que esteja por perto.

Estes esboços, por exemplo, foram desenhados em folhas de caderno ou em outros papéis que eventualmente usei para fazer cálculos ou anotações. Apenas “Brain Power”, “Wanna hear a joke?” e “Geomegician” foram desenhados em um sketchbook. Afinal, desenhar rabiscos num livro destinado a rabiscos não tem muita graça :P.

Alguns desses desenhos têm pouco mais de um ano, outros foram feitos há alguns dias. Achei interessante colocá-los aqui no blog porque mostram um estilo bem diferente do que pode ser visto nas minhas obras “oficiais”, embora seja um estilo que meus rabiscos quase sempre tiveram.

Artista da Semana #2: Peter Callesen

Há, atualmente, uma forte tendência nas artes visuais de se tentar criar obras que não podem ser adequadamente reproduzidas em outros meios além dos em que foram feitas. A razão é simples: fazer valer a pena presenciar uma exposição de arte em vez de apenas ver fotos dela, e fazer valer a pena comprar uma obra em vez de imprimir uma versão digitalizada e colar na parede.

Muitos artistas, então, têm deixado de lado desenhos e pinturas convencionais, e tentado usar outras técnicas de expressão visual, envolvendo instalações, performances, e outros formatos diferentes… Mas alguns notaram que não precisavam se desdobrar tanto e reinventar a roda… Há milênios a solução já estava pronta: escultura.

Ver uma foto de uma escultura não é a mesma coisa que vê-la pessoalmente, não dá para sentir a tridimensionalidade do objeto. Mesmo que se veja fotos do objeto em todos os ângulos possíveis, ainda assim não é a mesma coisa. E, claro, colar uma foto da escultura na parede definitivamente não é o mesmo que ter a escultura.

Um tipo de escultura que está bastante comum ultimamente é escultura com papel. Há artistas fazendo coisas inacreditáveis nessa área. Um deles é o dinamarquês Peter Callesen.

Peter Callesen trabalhando em uma de suas performances
Peter Callesen trabalhando em uma de suas performances

É até um pouco ofensivo dizer que Peter é “um deles”. Afinal, ele não faz apenas coisas bonitinhas, delicadas e vazias, como a maioria dos “artistas do papel”. Os trabalhos dele possuem mensagens… Às vezes levemente trágicas, às vezes levemente cômicas, quase sempre levemente tragicômicas.

Distant Wish - papel A4 e cola
Distant Wish - papel A4 e cola

Mas, é claro, ele não deixa a beleza e delicadeza de lado. A habilidade de Peter com a manipulação de papel é inquestionável.

The Short Distance Between Time and Shadow - papel A4 e cola
The Short Distance Between Time and Shadow - papel A4 e cola

Mais trabalhos dele com papel A4 podem ser vistos aqui. Mas ele faz coisas ainda mais fantásticas com papéis maiores, como na escultura abaixo:

Fall - papel e cola
Fall - papel e cola

Mas há muito mais, mais do que caberia neste post. Vejam as várias galerias do site dele e entendam o que digo.

Callesen também trabalha com outros meios de expressão. Aparentemente ele é um dos artistas que mencionei no começo deste post, que tentam reinventar a roda e expandir os limites das artes visuais.  É um caminho perigoso e cheio de fracassos. Mas, felizmente, essa tentativa o fez chegar às esculturas de papel, que, embora sejam apenas uma parte de sua vasta produção artística – que envolve performances e instalações pouco convencionais -, são as grandes responsáveis pelo seu sucesso.

Artista da Semana #1: Fred Einaudi

Fred Einaudi é um artista americano nascido em 1971, em Weed Heights, Nevada, e que mora atualmente em São Francisco, Califórnia. Não sei onde ele estudou, nem o que já conquistou, só sei que é genial.

 

Fred Einaudi ao lado de uma de suas pinturas
Fred Einaudi ao lado de uma de suas pinturas

 

A arte dele possui elementos de algum modo pós-apocalípticos, é recheada de contrastes e ironias e coberta de um surrealismo realista fascinante.

 

The Chocolate Donnut - óleo sobre tela
The Chocolate Donnut - óleo sobre tela

 

As pinturas são todas a óleo… E, como, pelo menos até agora, sou péssimo com pincéis e tintas, tendo a achá-las ainda mais deslumbrantes por causa disso. Confesso que já vi pinturas mais realísticas feitas com tinta a óleo, mas isso de maneira alguma tira o mérito de Einaudi em atingir tal nível de domínio da técnica.

 

The Mermaid - óleo sobre tela
The Mermaid - óleo sobre tela

 

Einaudi é certamente uma das minhas influências mais intensas. Obras minhas como Robotomii e a série Beleza Interior estão impregnadas da ironia mórbida de Fred Einaudi, e várias usam a técnica de “montagem” com referências fotográficas, também usada por Fred, embora nem cheguem perto da riqueza de detalhes das pinturas dele .

 

Patriot - óleo sobre tela
Patriot - óleo sobre tela

 

Quem quiser saber mais sobre esse grande artista… não veja o site dele =P… Lá você até encontra outras pinturas, e um e-mail para contato, mas é nessa entrevista aqui que é possível ter uma idéia melhor da biografia e do que passa pela cabeça de Fred Einaudi.

Sara e Hugo

Mais um ambigrama meu tatuado em alguém. O ambigrama original era o seguinte:

Mas Sara, que pediu o ambigrama, quando decidiu tatuar, algum tempo depois de ter recebido a imagem, pediu-me para fazer uma versão mais legal. E eu fiz, ei-la abaixo:

Ela gostou bastante, e então tatuou no dia seguinte. A tatuagem está no pé dela, perto do calcanhar, e com tamanho bastante reduzido. O que explica, em parte, a perda de qualidade do ambigrama.

É provável que eu venha a mencionar essa Sara ainda algumas vezes, pois ela é a autora da encomenda do desenho interessante que mencionei no post anterior…

Colocando o assunto em dia…

Só avisando que venci na categoria “Pintura” do Festival de Artes da UFPE, com Anatomia de um Coelho :D. O prêmio para minha categoria é uma viagem a São Paulo para ver a 29ª Bienal de Artes, mal posso esperar ^^!

Outra novidade é que o visual definitivo do álbum Conflito Interno, da banda Sexto Elemento, cuja capa ilustrei, já foi definido, como pode ser visto no post original, que editei para mostrar as novas imagens.

E tem mais coisa vindo por aí, fiquem atentos =P.

Festival de Arte da UFPE

Fui selecionado para expor no Festival de Artes da UFPE! Inscrevi, e selecionaram, a série Beleza Interior, a obra Anatomia de um Coelho, e uma obra inédita chamada “Metamorfose?”, que na verdade é um “remake” de Retrato de Jan Svankmajer, só que comigo no lugar de Svankmajer, e um ambigrama no estilo de Negro/Branco (só que infinitamente mais legível) com as palavras Louco/Gênio (só fui perceber que é um pouco arrogante depois de ter feito, então deixa para lá xP). Devo postar essa obra aqui depois do fim do Festival, para não estragar a surpresa (embora nem seja uma surpresa tão grande, já descrevi a obra toda xD…). Ah, sim e é bem grande… Foi inclusive o motivo de eu fazê-la, afinal Retrato de Jan Svankmajer é bem pequena, pequena demais para sua qualidade =P…

Desta vez haverá premiação, que ainda não está muito bem definida, mas todas as possibilidades de prêmio que ouvi falar pareceram bem interessantes…

Graças a uma fenomenal falta de organização, a exposição dos selecionados na área de Artes Visuais está longe de terminar de ser montada, mas meus trabalhos, pelo menos, já estão por lá (faltam só etiquetas com os nomes das obras e tudo o mais, que me garantiram que seriam providenciadas em breve), podem conferir no Hall do Centro de Convenções da UFPE, até essa sexta, dia 21.

Quem não foi para minha exposição ano passado, esta é a hora de se redimir U.u… Hahahsahusa, que nada, fiquem à vontade para ir ou não… Este blog existe justamente para isso, para que eu não dependa de exposições para que conheçam meu trabalho… Mas claro que tem umas obras que são bem mais legais pessoalmente, como a do Coelho e as que mudam de aparência com os óculos azuis… De qualquer forma, estão todos convidados!  Tudo no festival é gratuito (exceto comida e bebida, provavelmente =P), haverá vários shows e oficinas, além de outras exposições de convidados. Nos vemos por lá!

Blog de Victor Maristane