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Negro/Branco

Este ambigrama é de um tipo novo, o primeiro tipo realmente inventado por mim, cujo nome ainda não decidi qual vai ser :P. Usa o mesmo princípio visto em Retrato de Jan Švankmajer. A verdade é que esse ambigrama faz parte de um outro desenho meu (no mesmo estilo do anterior) chamado Vitiligo, que não publicarei na internet até o fim da minha exposição (que acontecerá de 3 a 21 de Agosto). Abaixo está a leitura que será vista no desenho normal, onde lê-se “Negro” (não muito claramente, admito, mas fiz o que pude).

Negro/Branco
Negro/Branco

E agora, simulação de como se veria o texto através de duas camadas de papel celofane azul:

Branco
Branco

E, apesar de não estar nos planos fazer isso quando o desenho com o ambigrama for exposto, mostro abaixo como se veria o texto através de duas camadas de papel celofane vermelho:

Negro
Negro

Definição de Ambigrama

Algumas pessoas comentaram que minhas últimas produções na área de ambigramas (como Why So Serious? e Nirvana) “podem estar mal-classificadas, por talvez não poderem ser realmente chamadas de “ambigramas”. Eu acredito que minha classificação esteja correta. Irei argumentar, mas também levantarei algumas questões e exporei os grandes problemas de tentar se definir o que, de fato, é um ambigrama. Estou escrevendo este post em português e inglês porque gostaria de ouvir a opinião de outros ambigramistas, sendo a maioria dos que conheço estrangeiros e falantes de inglês (embora nem sempre como língua nativa), como Nagfa, ou o próprio John Langdon (pra quem não sabe, o cara dos ambigramas do livro/filme Anjos e Demônios).

Vamos começar pelo significado literal da palavra, que por enquanto ainda é um neologismo em português (não existe no dicionário). Ambi- significa “ambos”, “dois ao mesmo tempo” (veja palavras como ambidestro, ambiguidade…), e -grama significa “leitura”, “letra”, “texto escrito”, “registro” (veja palavras como gramática, anagrama, eletroencefalograma…), logo, o termo significa “duas leituras ao mesmo tempo”. Para alguns, portanto, pode parecer óbvio que ambigramas só envolvem letras e/ou palavras, isso porque essas pessoas associam “leitura” a coisas escritas em linguagem verbal, mas o fato é que se pode “ler” coisas não-verbais. Tudo que possui uma linguagem (linguagem visual, linguagem sonora, linguagem corporal…) pode ser lido, interpretado.

Eis o grande problema. Minha irmã chegou a brincar comigo dizendo que eu chamo tudo de ambigrama… Disse que se eu visse um travesti eu diria que era um ambigrama, que se eu visse um ornitorrinco eu diria o mesmo =D… É realmente complicado. Será que as pinturas de Arcimboldo não podem ser chamadas de ambigramas? O vaso de Rubin, algumas pinturas de Salvador Dalí? Este é o momento em que alguém levanta da cadeira e diz “Peraí, isso já tem nome! São ilusões de óptica!”. Bingo. Realmente são ilusões de óptica, mas a questão é que o conceito de ambigrama, sob minha perspectiva, vai muito além do de ilusão de óptica. Músicas que digam coisas diferentes se tocadas de trás pra frente, por exemplo, seriam ambigramas. Contudo, uma comida que tenha coisas quentes e coisas geladas, ou coisas doces junto com coisas salgadas, não seria um ambigrama, uma vez que um ambigrama é uma coisa única que possui “duas leituras ao mesmo tempo“, mesmo que as duas leituras não sejam perceptíveis ao mesmo tempo.

Creio ser a hora de enunciar a definição que proponho. Ambigrama é todo elemento que, sem sofrer alterações em seu conteúdo, pode ser conscientemente percebido de duas ou mais formas por pelo menos um dos sentidos humanos. Isso incluiria desde ilusões de óptica a músicas que fazem sentido tocadas de trás para frente, além de outras coisas que os humanos ainda nem inventaram =P. Eu gostaria de saber o que pensam dessa definição.

Ambigramas #7

Bom, acho que já é hora de fazer um pouco de divulgação de verdade deste blog. Vou mostrar meu trabalho para o cartunista, e até certo ponto ídolo, André Dahmer, acho que ele vai gostar. Fiz até um ambigrama com o nome do site dele (um dos poucos que acesso diariamente, há anos – embora há anos o Dahmer não atualize diariamente).

malvados/malvados
malvados/malvados

Falando em ídolos, meu ambigrama-desenho do Malcolm McDowell despertou minha vontade de fazer ambigramas sobre Laranja Mecânica. Fiz um “convencional”, de rotação…

laranja/mecânica
laranja/mecânica

E um de um tipo que chamo de “espaço negativo”, que é um conceito artístico referente ao espaço ocupado por tudo menos o objeto que se observa, aplicado em técnicas de desenho e pintura, e de fácil observação em ilusões de ótica como o vaso de Rubin. Ficou ruim em relação aos outros nesse estilo que já vi por aí, mas é um bom começo…

clockwork/orange
clockwork/orange

Ready for a bit of the old Ultraviolence

Ready for a bit of the old Ultraviolence

Bem longe de estar tão bom quanto meu primeiro ambigrama no estilo, o do coringa, mas gastei muito mais tempo com ele, e cheguei a parar de tentar por alguns minutos por achar que era impossível. Estou pondo ele aqui mais pelo esforço que gastou do que pelo resultado final. Falando em resultado final… Cara, eu preciso aprender a vetorizar… Faço uns paliativos no Fireworks e no Paint, e até então estava dando para o gasto… Só que fazer todo tipo de ambigrama está virando minha especialidade, e chegará o dia em que eu poderá ganhar dinheiro com isso, mas ambigramas ficam mais bonitinhos e profissionais se estiverem vetorizados, e bem vetorizados.

Para quem não sabe, esse cara do ambigrama é Malcolm McDowell, interpretando Alex DeLarge, no filme Laranja Mecânica, dirigido por Stanley Kubrick, inspirado no livro homônimo de Anthony Burgess. Um ótimo ator num ótimo papel em um ótimo filme de um ótimo diretor, baseado num ótimo livro de um ótimo autor.

A frase usada, retirada do livro e do filme, nem é tão célebre, mas expressa bem a personalidade de Alex (antes do tratamento pelo método Ludovico). “Ready for a bit of the old Ultraviolence“, “Pronto para um pouco da velha Ultraviolência“.

Why So Serious?

Sei que ninguém aguenta mais ouvir, ver e falar sobre o coringa mais recente, o interpretado por Heath Ledger, mas essa idéia andava pela minha cabeça há algum tempo, e hoje resolvi começar a rabiscar pra ver se dava certo. Deu.

Why so Serious?

Legal, né =P? Meus primeiros e únicos contatos com esse tipo de…. ambigrama, acho que posso classificá-lo assim, foram numa campanha publicitária da Veja, sob o discutível slogan “Quem lê Veja entende os dois lados“, produzida pela agência AlmapBDDO.

Campanha "Quem lê veja entende os dois lados"

Espero fazer mais ilustrações do tipo em breve :).

P.S.: Você agora pode comprar produtos com esta e outras artes nesse estilo feitas por mim nas minhas lojas no Colab55 e no Society6.

666 – Devil

Este ambigrama merece um post só para ele. Não que eu goste muito de seu significado (nem sou totalmente ateu – sou agnóstico – muito menos satânico), mas a simplicidade, originalidade e perfeição dele são notáveis, parece até que fiz um pacto com o capeta pra fazer um ambigrama tão ideal xP (devil é diabo em inglês).

Está no mesmo nível, se não num maior, que o ambigrama Amor/Love, embora sejam de tipos diferentes. Aquele era um ambigrama de oscilação (as duas leituras possíveis dependem apenas da percepção das letras, não precisa girar nem nada) e este é um de reflexão (a leitura alternativa é vista através de um espelho, ou invertendo-se a imagem com algum programa). Segue abaixo a versão que fiz a mão, escaneei e editei:

666/devil

Refletindo…

devil-666

Esse é ambigrama é certamente um dos meus que mais ficaria legal como tatuagem, ou como elemento de uma história de terror, talvez a marca de um serial killer

Como Fazer Ambigramas #1

As estatísticas deste blog têm indicado que o que mais atrai visitantes para cá são os ambigramas, especialmente pesquisas sobre “como fazer ambigramas”… Darei o que querem então.

Há a maneira fácil, que é usando geradores automáticos, como o FlipScript, o Ambimatic, e outros. Se isto bastar para você, ok, não precisa ler o resto deste post, pois a seguir iniciarei uma série de tutoriais sobre como fazer ambigramas.

Pretendo fazer um vídeo em breve, mas por ora vou dar algumas “bases teóricas”, e no final do post farei a análise completa de um dos meus ambigramas.

LIÇÃO I – Fazer um ambigrama (de qualquer tipo) sempre consiste em escrever duas ou mais palavras ao mesmo tempo.

Vamos refletir sobre o que acabei de falar… O que é escrever uma palavra? É torná-la legível para você e para os outros. Enquanto ela estiver na sua cabeça, ou escrita em um garrancho que até você tem dificuldade para entender, não pode ser devidamente lida, e não foi, portanto, devidamente escrita. Exceto no caso de médicos e crianças com menos de 6 anos, escrever palavras legíveis não é uma tarefa difícil.

Mas escrever duas (ou mais) ao mesmo tempo… Pode ser até impossível… Cada ambigrama é um achado, uma pedra preciosa, pois nem sempre é possível pegar duas palavras e fazer um ambigrama. A propósito, alguns devem estar achando estranho eu falar que todo ambigrama consiste em escrever duas ou mais palavras ao mesmo tempo, afinal, há ambigramas como:

Caópolis/Caópolis

caópolis

e Reflexo/Reflexo

reflexo

Acontece que para fazer ambigramas como o caópolis/caópolis, eu tenho que escrever a “palavra” caóp e ao mesmo tempo me preocupar se estou escrevendo direito também a “palavra” pólis ao girar o papel, e depois escrevo pólis de forma a parecer caóp, o que na verdade já está feito, é só “girar” a primeira parte e juntar. Esse tipo de ambigrama, chamado “simétrico”, é o mais fácil de se fazer e o com mais chances de dar certo. Tente fazer com seu nome, é um bom começo ;). No caso do ambigrama reflexo/reflexo, tive que escrever refl e lexo simultaneamente, com a diferença de que, em vez de girar para ver a outra leitura, eu consultava um espelho. Também é um ambigrama simétrico, mas é um tipo mais difícil de se fazer (imagino que tudo isso ficará claro quando eu fizer o vídeo).

Quando digo “escrever duas ou mais palavras ao mesmo tempo”, portanto, quero dizer “preocupar-se em gerar duas ou mais leituras para um mesmo elemento gráfico”. E como fazer isso? Certamente não há regras, mas posso dar algumas dicas. A primeira que darei é a mais óbvia: fazer com que cada letra se pareça com outra quando girada, refletida, etc. Embora raramente funcione 100%, já que precisa que as duas palavras tenham a mesma quantidade de letras, quase sempre é aplicada à maior parte da maior parte dos ambigramas, então definitivamente é o conceito mais importante por trás da criação desses. Se eu fosse enunciar esse conceito, eu diria: “Deve-se desenhar uma letra de modo que ela não se pareça completamente com ela mesma nem com a outra desejada, mas se pareça o suficiente com as duas”.

Para demonstrar tudo isso, analisarei um ambigrama meu onde esse conceito se aplicou integralmente:

verdade/mentira

Vejamos a primeira letra de verdade (e última de mentira):

v-a

O V já se parece com o A de cabeça para baixo. A única diferença é o traço do A, então tratei de amenizar essa diferença (o que talvez nem fosse necessário) colocando esse traço bem para cima no A e o deixando um pouco inclinado. Vamos para a próxima:

e-r

O E é o melhor amigo de quem faz ambigramas. Na maioria das vezes é só adicionar três “espinhos” à esquerda de uma letra, e quando girar ela vai parecer um E, e foi basicamente o que fiz com esse R. Também tentei deixar o R meio aberto e estreito, para não atrapalhar o E.

r-i

Regra geral quando quiser que uma letra se pareça com um I ao ser girada em 180º: faça a letra o mais estreita possível, e ponha um ponto embaixo dela. Quando girar, *plim*, vira um I =). Foi o que fiz aqui.

d-t

Aqui eu alonguei algumas partes do T para dar forma a um D quando girado. A aparência de “machado” que esse T tem é só uma mania estética minha xP, embora tenha servido para acentuar a forma de D, e também a do R do caractere anterior, que estava com a perna curta para se parecer mais com um I ao girar (vejam no ambigrama para entender).

a-n

O N é uma letra problemática, porque quando girado continua parecendo um N. Solução (neste caso)? “Atrofiei” a perna dele que não era aproveitada do A.

d-e

Novamente nosso amiguinho E. Só fiz “envergá-lo” um pouco e esticar umas pernas para parecer um D quando girado.

e-m

O M geralmente é problemático, mas como o E é moleza, acabou não sendo tão difícil juntar um ao outro. O resultado não ficou maravilhoso, mas como o resto das duas palavras já está bem legível, dá até pra “subentender” essa letra, por mais deformada que ela fique.

Concluindo esta lição… Um ambigrama tem tudo a ver com o resultado final e pouco com cada letra. Se a pessoa olhar por alto para o ambigrama e ler “verdade” e depois, girando, ler “mentira”, não importa se um N não está parecendo muito um N ou se um X não parece muito um X, é a leitura das palavras que importa, e as palavras não precisam estar escritas perfeitamente para serem lidas, prova disso são as várias caligrafias legíveis que uma pessoa pode usar para escrever, e as várias e diferentes fontes de texto ( Times New Roman, Old English Text…) usadas em computadores…

Espero ter ajudado =D. Outras lições virão.

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Veja aqui a parte 2.